quinta-feira, 12 de maio de 2011

Leitura e Interpretação

   Por Janice do Rocio Colodel Costa

 

O que é que permite viajar, conhecer gente e costumes sem sair do lugar? Como conhecer os segredos e os mistérios do mundo?
Dentre as experiências de vida das pessoas, a leitura aparece como uma das mais adequadas para fazê-las viajar, conhecer e encontrar sentido na vida. Este sentido vem, em grande parte, do conhecimento e do modelo que a família passa na infância. Estimular o apreço pelo livro e pela literatura é despertar também o interesse pela informação.
As Teorias da Leitura oferecem várias maneiras de se ler um texto, mas a leitura vai depender de como se lê e do momento histórico do discurso.
Pode-se dizer ainda que um texto é um jogo de estratégias mais ou menos como pode ser a disposição de um exército para uma batalha (ECO, 1984, p.9).
A leitura é o principal aspecto constituinte do pensamento crítico. O bom leitor é capaz de relacionar as intenções comunicativas impostas no discurso entre o sujeito que produz o artigo com os outros que o recebem, pois o texto só existe quando há comunicação, interpretação entre produtor e o público que se pretende atingir.
“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem" (QUINTANA, Mário). Essa capacidade de formar um leitor, está ligada à diversidade de leitura, um bom leitor não é aquele que lê muitas vezes o mesmo tipo de texto, mas é aquele que lê diversos tipos de texto com profundidade. Cada vez que se lê o mesmo texto, certamente se terá novas interpretações dentro do momento histórico da leitura.
“Um país se faz com homens e com livros”, escreveu Monteiro Lobato. Nas entrelinhas pode-se entender que as nações necessitam de grandes idéias, de pessoas que saibam pensar.
A pessoa que lê conhece o mundo e conhecendo-o terá condições de atuar sobre ele, modificando-o e tornando-o melhor.
Quem lê, além de enriquecer seu vocabulário, abre seus horizontes, entra em contato com pensamentos e opiniões diversas, com diferentes pontos de vista. Por meio da leitura, o ser humano cresce e conhece o universo, descobre a maneira de aprender a ler a vida, ler no sentido de interpretar, observar, refletir etc... Porém, se somente ler um grande número de obras apenas decodificando caracteres e não conseguir ler o seu entorno, dificilmente crescerá na “escola da vida”.
Como afirmou Iser “enquanto se falava da intenção do autor, da significação contemporânea, psicanalítica, histórica etc. dos textos ou da sua construção formal, raramente se lembravam de que tudo isso só teria sentido se os textos fossem lidos” (1996, p.49).
A literatura é algo sempre em movimento, que exige um trabalho ativo e criador da parte do leitor. É preciso que haja uma interação constante entre as duas partes, texto e leitor, para que haja literatura. E essa interação se realiza através do ato de leitura.
De acordo com Iser,  as obras permanecem mas as interpretações que lhes damos variam pois, cada vez que há leitura, há atribuição de sentido (1996, p.54). Se por leitura deve-se entender a interação entre o texto e o sujeito, pode-se deduzir que o contexto histórico, cultural e social modificam as perspectivas e as representações que definem o ato de ler. Assim, o efeito estético, ou a beleza, resulta do prazer que o sujeito que recebe a obra experimenta ao responder aos apelos contidos na sua estrutura formal, atualizando as potencialidades inscritas na forma do texto, captando a sua indeterminação, preenchendo os seus vazios. Deste modo, o sentido e a beleza não mais são considerados dados do texto, mas surgem da interação que o discurso literário solicita e postula enquanto tal.
Todo texto tem vazios e o leitor faz sua interpretação. Sempre há margem para outras conclusões, pois a interpretação depende da comunidade que lê e do momento histórico do discurso.
O leitor é ativo e é ele que dá sentido aos textos. “O ponto de vista do leitor sempre oscila, de modo que os segmentos de cada perspectiva se tornam seja tema, seja horizonte” (ISER, 1996, p.182).
O texto pode suscitar as mais diversas interpretações desejadas ou não pelo autor, produzidas por um texto cujo mecanismo de funcionamento interno se presta aos mais variados percursos e são constituídas pela atividade interpretativa do leitor que nelas projeta seus desejos, afetos e interesses sobre qualquer objeto de análise.
O texto é composto por espaços em branco a serem preenchidos pelo leitor que vivencia a valorização de sentido que o destinatário ali colocou. Por outro lado, para que o leitor assuma esse traço ativo é preciso que o texto proponha uma imagem do leitor modelo que ele prevê. Como diz Iser “os procedimentos mais diversos da interpretação, a leitura dos textos é uma pressuposição indispensável, ou seja, um ato que sempre antecede os atos interpretativos e seus resultados” (1996, p.49). Porém, isso não significa uma total liberdade de interpretações, pois esta também invoca limites.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ECO, Umberto. Conceito de texto. São Paulo: EDUSP, 1984.

2. ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético.
    São Paulo : 34,1996, v.1.

3. YUNES, Eliana (Org.). Pensar a leitura: complexidade. Rio de Janeiro : 
    Loyola, 2002.



Fonte: http://bibliotecaescolar.tripod.com/id24.html